[Contexto] Porque eu não assisto a filmes românticos

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por Ana Balderramas

Cinema é um assunto que eu particularmente amo falar, escrever, gravar sobre. Desde pequena sempre fui muito fã de filmes e tive a sorte de ter um pai também apaixonado pela mídia e que me apresentou um monte de clássicos bacanas pro meu repertório cinematográfico. Aliás, acho que também não conheço uma viva alma que diga que não goste de assistir a um bom filminho. Cinema é meio universal, né? Mas sempre que eu digo pras minhas amigas mulheres que “eu não assisto a filmes românticos” já vem aquela enxurrada de replicações clichês.


– Isso é porque você não assistiu ao filme x.
– Mas nenhunzinho MESMO, você gosta?
– Ai, você não é romântica!

 

Não é que eu nunca tenha assistido a um filme romântico. Nem que eu nunca tenha gostado de algum. Eu já vi e já gostei de um ou outro, mas é muito improvável que eu vá por conta própria colocar um filme do gênero para assistir. E eu me considero uma pessoa ULTRA romântica e sonhadora. A questão é que de alguma maneira esses filmes me geravam um certo afastamento e há pouco tempo atrás eu refleti e cheguei a belíssima conclusão do porquê.

Filmes românticos criam um estereótipo praticamente inalcançável de relacionamento. Isso parece óbvio, mas eu me dei conta do impacto que isso me causaria psicologicamente e abri mão de assistir aos filmes mais clichês. Digo clichê, pois nem todo filme com temática romântica ou que fale sobre relacionamentos fortalece um estereótipo errado – Her, por exemplo. Mas a maioria dos blockbusters românticos americanos mostram homens com atitudes irreais e faz com que eu esperasse encontrar um namorado/marido/companheiro que seguisse aquele modelo. Se você tem um namorado super romântico, que faz serenata do helicóptero jogando pétalas de rosa na tua cabeça; que corre atrás de você no aeroporto para que você não vá morar com a sua tia na Itália , pois ele te ama muitão; que morre congelado enquanto você sobrevive em cima de uma porta que na verdade caberiam vocês dois, sorte sua, mulher! Felicidades ao casal. Agora, quantos desses de verdade já passaram pela sua vida?

O mesmo paralelo pode ser feito para o mundo masculino com os filmes pornôs. Os homens passam a adolescência inteira assistindo a mulheres com um comportamento sexual completamente fora da realidade da maioria de nós. Então temos homens e mulheres que são criados com referências completamente irreais sobre relacionamento e sexualidade. Isso parece que gera uma geração de pessoas frustradas e carentes.

Eu prefiro viver a minha vida amorosa esperando apenas um parceiro que me respeite e que me acompanhe nas minhas aventuras mais loucas e nas mais cotidianas também. E essa foi a maior mentira que eu já disse na minha vida, pois infelizmente essa expectativa irreal já está enraizada no meu subconsciente – valeu, Disney! Mas eu tento repetir a primeira frase como um mantra todos os dias para garantir a minha sanidade mental. Ninguém é perfeito!