por Vinícius Schiavini
Comece este texto dando play pra ouvir “Crazy”, de Gnarls Barkley.
Feito isso, devo colocar: não existe o normal.
Na real, o “normal” é como a sociedade impõe o padrão que ela deseja que você siga durante toda a sua vida. Estude, estude mais, forme-se, case-se, tenha filhos, tenha uma casa pode ser na periferia. Note como é quando se está em um relacionamento estável:
- E aí, quando vão casar?
- E aí, quando vão ter filhos?
- Você não quer ter filhos? Há algo errado com você?
- Quando vão ter MAIS filhos?
Se por acaso há uma conversa sobre alguém que não está casado/a ou sem filhos, alguém já diz “ah, essa pessoa não é normal”. E fato é que isso acontece porque não há um cumprimento das exigências pré-determinadas do que seria normal. E o normal exige um certo padrão de vestimenta, de fala, de tudo.
E a pessoa que decide fazer coisas diferentes, até mesmo porque está pensando no seu bem-estar mental, é louca. E ser louco mostra-se mais divertido pelo simples fato de que permite alterar sua rotina (incluindo aí rotina de vida como um todo) de uma maneira que ninguém sabe o que esperar de você. E isso gera MEDO. O medo, devo dizer, é algo que modifica a sociedade.
Então, colocando de certa forma, o normal sempre está em alteração, porque anteriormente cumpria a outras exigências a sociedade. Pode imaginar como era ser “normal” nos anos 1960? O conceito de família mudou década após década.
Enquanto isso, a loucura mantém-se no mesmo tom, no mesmo nível. Sempre foi fácil diagnosticar alguém dizendo que a pessoa é maluca, e aí notamos similaridades entre pessoas deste tipo entre cada passagem de tempo significativa.
Ser uma pessoa maluca não implica caos, mas sim uma ordem de eventos que soa aleatória somente se não se aplica uma observação constante. Com os olhos bem abertos, tudo que é “maluco” faz sentido. Tudo se encaixa. Uma pessoa toma determinada atitude, e as reações indicam que ninguém esperava isso, mas tudo faz sentido. Ou seja, a expectativa da pessoa que acaba tornando-se surpresa é algo planejado, fabricado a tal ponto que perde a força. A loucura, entretando, jamais perde sua força.
Nisto, é fácil dizer que o conceito básico de normal é maluco, porque envolve uma residência e uma família, mas também um carro e abdicar de cuidar da família por causa de um trabalho.
Já a loucura é estável e bacana. E ser maluco é o novo normal.
Já que ser normal é maluquice demais.